Introdução:
Quando comprei um apartamento no Flamengo, ainda um pouco pesaroso de perder os jardins do Condomínio Pedra de Itaúna na Barra, minha amiga Frida Eidelman me disse que eu estava comprando um apartamento e ganhando de bônus o Aterro do Flamengo. Achei que era bairrismo.
Praticamente não pude aproveitar tê-la como vizinha, mas hoje compreendo o que ela queria dizer. Ao escrever este pequeno texto, tomando emprestado uma página virtual da E&E, descobri que tem um grande espaço, nesse conturbado Rio de Janeiro, do qual eu só consigo falar bem (que Deus e os cariocas o preservem).
O Aterro, como é chamado nas vizinhanças, inscreve-se na paisagem monumental da margem esquerda da entrada da Baía da Guanabara; como seu nome faz lembrar, é uma contribuição humana (contrariando os ecologistas radicais) que alcançou perfeito equilíbrio com a paisagem dessa cidade que continua Ma-ra-vi-lho-sa.
O Hibiscus tilaceus
No Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, é possível ter contato com uma enorme variedade de árvores. Algumas nos chamam particular atenção, como essa que cresce deitada. Ela nasce erecta, mas com o tempo se inclina e cai. Se as raízes resistem a queda, ela continuar a crescer. Existem várias nesta situação.
Outra coisa que me chamou a atenção é que suas flores sempre caem com a face para cima:
Figura 1: Quase todas as flores caem no chão voltadas para cima
Deve-se pensar que isto seja devido a alguma propriedade aerodinâmica da flor, o que pode ser verificado soltando flores recém caídas.
A conclusão sobre por que as flores caem nessa posição não é imediata, já que as relativamente mais velhas (a duração das flores no pé é cerca de apenas um dia) caem com a face para baixo, justo ao contrário das novas! A direção do vértice do cone muda e o movimento rotatório continua assegurando um pouso suave que evita mudanças de posição no final da queda. Elas também vão ficando mais escuras como pode ser visto na foto abaixo:
Figura 2: As pétalas cedem e as flores velhas, quando soltas, caem de face para baixo (Nota: os gatos são os donos do pedaço no Aterro)
Como sou apenas um curioso, fiquei imaginando como poderia saber que tipo de árvore era aquela e outras com que me deparo em passeios matinais. Procurei no Google árvore de flores amarelas, árvores do Aterro do Flamengo, etc. Emfim, encontrei um aplicativo interessantíssimo (com versão gratuita). É o Picture This . Você fotografa a flor com o celular, e ele envia sua foto para uma base de dados e te devolve sugestões sobre a classificação da planta e sua análise. O aplicativo coleta várias fotos, com folhas e outros detalhes, fiquei sabendo que tratava-se do Sea Hibiscus (em inglês) ou Hibiscus tiliaceus (em latim), mais conhecido no Brasil como Algodoeiro de Praia, o que foi fácil de descobrir no Google a partir do nome em latim. Para as árvores com flores, o aplicativo mostrou-se bastante eficaz. Veja abaixo o resultado:
Tradução livre e tentativa:
Descrição
O Hibiscus tiliaceus alcança uma altura de 4 a10 m, com um tronco de até 15 cm de diâmetro. As flores do H. tiliaceus são de um amarelo brilhante com um vermelho escuro na parte central da corola.
Nota do curioso: Observando o tronco de nossa árvore caída, vi que ela tem, pelo menos, 70 cm de diâmetro.
Cultivo
A árvore em questão, cresce comumente nas praias, perto de rios e em pântanos e mangues. Cresce melhor em solos entre ligeiramente ácidos a alcalinos.
Usos
É considerada, por muitos, como uma madeira de alta qualidade para mobílias. Considera-se que, a parte de sua casca, pode ser convertida em uma substância resistente para selar rachaduras em botes. Cascas e raízes podem ser fervidas para elaborar um chá que serve para baixar febres e suas folhas tenras podem ser comidas como vegetais.
Significado
O significado de hibisco é “beleza delicada”
Conclusões de minha excursão
Deste artigo publicado no “saite” ecen.com.br veio a ideia deste sobre flores. Gostei de escrever sobre o assunto que desconheço mas tenho grande interesse e sobre um lugares que gosto. Quando estudante tinha uma certa ojeriza pelas ciências biológicas que me foram apresentadas como uma série de nomes para decorar. Não existia a internet, os “smartfones” e seus aplicativos. Não encontrei ainda nada sobre os hibiscus que crescem deitados e sobre as propriedades aerodinâmicas das suas flores. Também gostei de escrever na primeira pessoa do singular.
Disse na época: Quem sabe me anime a escrever mais sobre essas coisas.
Carlos Feu
ADENDO
Flor e Fruto:
Figura A1: Com a queda da flor (à esquerda), forma-se o fruto (à direita) no qual a árvore produzirá o “algodão” que lhe dá o nome.
Escritor? Biólogo? Botânico?
Nada disto! Um curioso querendo compartilhar interesses.